Relampagos riscam o ceu
num baile tenebroso
ao som de trovões ensurdecedores
A chuva cai em torrentes desenfreadas
Enrosco-me em mim
protegendo-me do vento raivoso e irado
que fustiga meu corpo fragilizado
as forças esvaem-se
a dor é atroz
Num vislumbre de folego
arrasto-me na lama para onde fui atirada
rasgo as mãos no encalce de uma rocha
O sangue escorre-me por entre os dedos
as lágrimas queimam-me o rosto
luto sem vontade de lutar
na duvida do ir ou ficar
Abandono-me
E o vento enche-se de orgulho e força
num sopro lança-me á beira do precipicio
deixo-me levar qual folha no Outono
Ali prostrada fixo os olhos
na guerra que as ondas travam com as rochas
Uma luta de titãs
Por um momento desejo aninhar-me no ventre daquelas rochas
fortes e vigorosas
deixar-me embalar naquelas ondas imponentes e magestosas
e em desespero ergo a mão
e eis que uma Toda Poderosa a segura
e sinto a força e o poder desta mão na minha
uma força que revigora meu corpo
uma força que reanima minha alma
uma força que aquece meu coração
e agarrada a esta mão protectora
ergo-me lentamente
coloco os pés em terra firme
Já sem medo avanço por entre aquela tempestade
seguindo o caminho da verdade
não virando nem para esquerda
nem para a direita
Olho ao redor procurando o corpo aninhado
mas não o encontro
procuro a alma fragil e insegura
mas só encontro um sol radioso
um mar sereno
uma brisa aconchegante
e tal como a chuva faz brotar as plantas
assim a tempestade me fortaleceu
agora sigo confiante
porque sei que sempre terei
quem me segure a mão
E no meio de tanta tribulação